por Simone Zanotello de Oliveira
No último artigo procurei mostrar
algumas questões preparatórias para que o profissional tenha um bom desempenho
em apresentações orais. E agora o meu objetivo é analisar alguns vícios que
podem assombrar os falantes, e quais as técnicas podemos utilizar para
corrigi-los.
Um dos dilemas mais comuns que são
verificados em apresentações é o excesso de expressões como “né”, “tá” e outras
do gênero. Para eliminar tal vício, primeiramente é preciso que se tome
consciência dele, e depois, verificar qual é a sua causa. Normalmente, essas
expressões surgem porque o falante expõe suas frases em tom de pergunta, como
se quisesse alguma confirmação do público, e então elas saem automaticamente. Diante
disso, é preciso fazer frases em tons afirmativos e não ficar procurando a todo
tempo um feedback dos ouvintes.
Outra questão refere-se aos sons como
“ããããã”, “ééééé”, “huumm”, dentre outros, que passam a impressão de que o
falante está sem palavras e procura buscá-las em algum lugar. Na realidade,
esses sons saem quando o falante está pensando sobre o que vai dizer – mas ele
pode pensar em silêncio e resolver esse problema.
Durante uma apresentação, é preciso
evitar dizer a todo tempo “vocês estão me
entendendo” ou “irei explicar de um
jeito que vocês irão entender”. Essas são expressões que criam um
sentimento negativo com relação à plateia, pois parece que só o falante sabe tudo
e que o público é despreparado e desinformado. Para situações como essa, se o
falante precisa de um retorno do público, deve preferir a expressão “fui claro?”, que denota mais humildade.
Mas use-a sem exageros. A expressão “nós” também fica muito simpática nas
apresentações, pois ela tem o poder de aproximar falante e público, para que eles
fiquem “cúmplices” da mensagem.
Numa apresentação, também não convém
que o falante utilize palavrões ou gírias. E por falar em gírias, a maior vilã
atualmente é o “tipo assim” – é
preciso cuidado com ela. E também o falante não pode ficar substituindo
palavras por “coisa”, “trocinho” e outras semelhantes – “tipo assim, fica uma
coisa muito desagradável”.
Mas, ao passo que o falante não deve
usar gírias e palavrões, também não convém utilizar um vocabulário rebuscado,
de palavras que não são comuns às outras pessoas, pois certamente a mensagem não
será compreendida. Com relação às palavras técnicas, somente se deve usá-las se
o público realmente for técnico. Do contrário, também haverá prejuízo na comunicação.
Por fim, e quando ocorrer o famoso
“branco”? O falante não pode se desesperar e nem demonstrar isso ao público,
porque na realidade, o que ocorre, é que quem denuncia o “branco” é o próprio
falante, pois o público nem sabe qual é a seqüência de apresentação dele. Para
isso, é preciso manter a calma e tentar uma única vez se lembrar da informação,
repetindo a última frase dita. Talvez isso possa resgatar naturalmente a
informação esquecida. Se essa tática não der certo, há uma expressão que poderá
resgatar o pensamento de outra maneira, fazendo uma reorganização nas idéias – “Na realidade, o que eu gostaria de dizer é
...”. Por fim, se nada disso funcionar, o falante deve continuar a
exposição, como se nada tivesse acontecido, e assim que se lembrar, introduzir
a mensagem na fala, de maneira bem sutil. Como eu disse, o público não sabe em
detalhes o que a pessoa irá falar, para perceber que houve um “branco”.
Simone, texto excelente, me remeteu ao Professor, hoje Ministro do STJ, Paulo Dias Moura Ribeiro, que lecionou Direito Civil no Anchieta, sempre terminava suas aulas com o chavão: Me fiz claro? Que tempo bommmmmmmm!
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