terça-feira, 22 de abril de 2014

A HABILIDADE DE FALAR EM PÚBLICO – A SAGA CONTINUA

por Simone Zanotello de Oliveira

No último artigo procurei mostrar algumas questões preparatórias para que o profissional tenha um bom desempenho em apresentações orais. E agora o meu objetivo é analisar alguns vícios que podem assombrar os falantes, e quais as técnicas podemos utilizar para corrigi-los.

Um dos dilemas mais comuns que são verificados em apresentações é o excesso de expressões como “né”, “tá” e outras do gênero. Para eliminar tal vício, primeiramente é preciso que se tome consciência dele, e depois, verificar qual é a sua causa. Normalmente, essas expressões surgem porque o falante expõe suas frases em tom de pergunta, como se quisesse alguma confirmação do público, e então elas saem automaticamente. Diante disso, é preciso fazer frases em tons afirmativos e não ficar procurando a todo tempo um feedback dos ouvintes.

Outra questão refere-se aos sons como “ããããã”, “ééééé”, “huumm”, dentre outros, que passam a impressão de que o falante está sem palavras e procura buscá-las em algum lugar. Na realidade, esses sons saem quando o falante está pensando sobre o que vai dizer – mas ele pode pensar em silêncio e resolver esse problema.

Durante uma apresentação, é preciso evitar dizer a todo tempo “vocês estão me entendendo” ou “irei explicar de um jeito que vocês irão entender”. Essas são expressões que criam um sentimento negativo com relação à plateia, pois parece que só o falante sabe tudo e que o público é despreparado e desinformado. Para situações como essa, se o falante precisa de um retorno do público, deve preferir a expressão “fui claro?”, que denota mais humildade. Mas use-a sem exageros. A expressão “nós” também fica muito simpática nas apresentações, pois ela tem o poder de aproximar falante e público, para que eles fiquem “cúmplices” da mensagem.

Numa apresentação, também não convém que o falante utilize palavrões ou gírias. E por falar em gírias, a maior vilã atualmente é o “tipo assim” – é preciso cuidado com ela. E também o falante não pode ficar substituindo palavras por “coisa”, “trocinho” e outras semelhantes – “tipo assim, fica uma coisa muito desagradável”.

Mas, ao passo que o falante não deve usar gírias e palavrões, também não convém utilizar um vocabulário rebuscado, de palavras que não são comuns às outras pessoas, pois certamente a mensagem não será compreendida. Com relação às palavras técnicas, somente se deve usá-las se o público realmente for técnico. Do contrário, também haverá prejuízo na comunicação.

Por fim, e quando ocorrer o famoso “branco”? O falante não pode se desesperar e nem demonstrar isso ao público, porque na realidade, o que ocorre, é que quem denuncia o “branco” é o próprio falante, pois o público nem sabe qual é a seqüência de apresentação dele. Para isso, é preciso manter a calma e tentar uma única vez se lembrar da informação, repetindo a última frase dita. Talvez isso possa resgatar naturalmente a informação esquecida. Se essa tática não der certo, há uma expressão que poderá resgatar o pensamento de outra maneira, fazendo uma reorganização nas idéias – “Na realidade, o que eu gostaria de dizer é ...”. Por fim, se nada disso funcionar, o falante deve continuar a exposição, como se nada tivesse acontecido, e assim que se lembrar, introduzir a mensagem na fala, de maneira bem sutil. Como eu disse, o público não sabe em detalhes o que a pessoa irá falar, para perceber que houve um “branco”.

 

Um comentário:

  1. Simone, texto excelente, me remeteu ao Professor, hoje Ministro do STJ, Paulo Dias Moura Ribeiro, que lecionou Direito Civil no Anchieta, sempre terminava suas aulas com o chavão: Me fiz claro? Que tempo bommmmmmmm!

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